sexta-feira, 16 de maio de 2014

Uma Lição de Caridade

Em uma pequena comunidade medieval na Europa, vivia um monge que possuía um coração generoso. Ele auxiliava a todas as pessoas de seu povoado. Nas primeira horas do dia, o Frei Bonaventura  já se encontrava às portas de seu mosteiro para auxiliar, dentro de suas possibilidades, as pessoas carentes do corpo e do espírito.
O caridoso Frei atendia desde problemas materiais, como a necessidade de alimento e vestuário, até complexos problemas existenciais. Ele era um grande psicólogo dos dilemas humanos. Muitos casamentos e relações familiares foram salvas pelas palavras meigas e sábias do generoso servo de Cristo.
O seu trabalho era dedicar-se ao próximo sem distinguir o rico do pobre, o suserano do vassalo ou a classe real da plebe. Bonaventura compreendia que a verdadeira caridade não espera nada em troca e não escolhe os beneficiados. Ela simplesmente age por agir!
As pessoas do seu povoado diziam ser Bonaventura um anjo ou um santo de Deus em missão na Terra, porque ele nada fazia para si, somente para os outros. E quando lhe perguntavam o que ele gostaria de receber em contrapartida por toda a sua generosidade, ele respondia que já possuía tudo o que desejava através das bênçãos de Jesus.
Mas, na verdade, o amigo dos necessitados tinha um desejo que guardava oculto em seu coração. Ele desejava que Jesus lhe aparecesse em espírito para que ambos pudessem conversar. Bonaventura sonhava com a oportunidade de esclarecer, junto ao Mestre, as suas dúvidas sobre os ensinamentos do Evangelho e poder confraternizar com aquele que era o seu exemplo de vida e meta a atingir em sua dedicada existência.
Os anos se passavam e o bom frade trabalhava incessantemente, acalentando em seu coração a realização de seu sonho, sempre colocando em primeiro lugar, o amor e o espírito de caridade aos seus semelhantes.
Até que, certo dia, após acordar e preparar-se para atender aos necessitados, ele dirigiu-se ao quarto para pegar seus óculos e teve uma adorável surpresa: Lá, encontrou o governador espiritual da Terra, Jesus.
Em profunda emoção, o Frei Bonaventura disse:
- Mestre, tu atendeste ao meu pedido!
Os olhos do abnegado monge estavam marejados de lágrimas, fruto da forte emoção, quando ele ouviu algumas batidas agitadas em sua porta.
O monge ficou confuso sem saber o que fazer, enquanto Jesus o fitava com um olhar misterioso. Passados alguns poucos segundos, o monge colocou as mãos no rosto e disse:
- Mestre, me desculpa, mas não posso deixar de atender minha gente!
Bonaventura girou sobre os calcanhares e correu até a porta sem olhar para atrás. E naquele dia, estendeu-se em sua porta uma longa fila de necessitados que reclamavam o seu auxílio para assuntos urgentes que somente o bom padre poderia solucionar.
As pessoas estranhavam o abatimento de Bonaventura e lhe perguntavam sobre o que havia ocorrido. Ele apenas respondia que tudo estava bem e que estava apenas com um pequeno resfriado.
O dia passou rápido. E quando a última pessoa foi atendida, a noite já ia alta. Cansado e triste, ele retornou ao quarto para repousar. Ao trespassar a soleira da porta, ele teve uma divina surpresa. Jesus estava lá, em seu quarto, sentado aos pés da cama. O Frei, irradiante de alegria, perguntou ao sublime rabi da Galiléia:
- Mestre, o Senhor me esperou?
E Jesus, com seus vivos olhos cor de amêndoa, respondeu irradiando sabedoria e amor:

- Se tu tivesses ficado, eu teria ido embora!

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