Em uma pequena comunidade medieval na Europa, vivia um monge
que possuía um coração generoso. Ele auxiliava a todas as pessoas de seu
povoado. Nas primeira horas do dia, o Frei Bonaventura já se encontrava às portas de seu mosteiro
para auxiliar, dentro de suas possibilidades, as pessoas carentes do corpo e do
espírito.
O caridoso Frei atendia desde problemas materiais, como a
necessidade de alimento e vestuário, até complexos problemas existenciais. Ele
era um grande psicólogo dos dilemas humanos. Muitos casamentos e relações
familiares foram salvas pelas palavras meigas e sábias do generoso servo de
Cristo.
O seu trabalho era dedicar-se ao próximo sem distinguir o
rico do pobre, o suserano do vassalo ou a classe real da plebe. Bonaventura
compreendia que a verdadeira caridade não espera nada em troca e não escolhe os
beneficiados. Ela simplesmente age por agir!
As pessoas do seu povoado diziam ser Bonaventura um anjo ou
um santo de Deus em missão na Terra, porque ele nada fazia para si, somente
para os outros. E quando lhe perguntavam o que ele gostaria de receber em
contrapartida por toda a sua generosidade, ele respondia que já possuía tudo o
que desejava através das bênçãos de Jesus.
Mas, na verdade, o amigo dos necessitados tinha um desejo
que guardava oculto em seu coração. Ele desejava que Jesus lhe aparecesse em
espírito para que ambos pudessem conversar. Bonaventura sonhava com a
oportunidade de esclarecer, junto ao Mestre, as suas dúvidas sobre os
ensinamentos do Evangelho e poder confraternizar com aquele que era o seu
exemplo de vida e meta a atingir em sua dedicada existência.
Os anos se passavam e o bom frade trabalhava
incessantemente, acalentando em seu coração a realização de seu sonho, sempre
colocando em primeiro lugar, o amor e o espírito de caridade aos seus
semelhantes.
Até que, certo dia, após acordar e preparar-se para atender
aos necessitados, ele dirigiu-se ao quarto para pegar seus óculos e teve uma
adorável surpresa: Lá, encontrou o governador espiritual da Terra, Jesus.
Em profunda emoção, o Frei Bonaventura disse:
- Mestre, tu atendeste ao meu pedido!
Os olhos do abnegado monge estavam marejados de lágrimas,
fruto da forte emoção, quando ele ouviu algumas batidas agitadas em sua porta.
O monge ficou confuso sem saber o que fazer, enquanto Jesus
o fitava com um olhar misterioso. Passados alguns poucos segundos, o monge
colocou as mãos no rosto e disse:
- Mestre, me desculpa, mas não posso deixar de atender minha
gente!
Bonaventura girou sobre os calcanhares e correu até a porta
sem olhar para atrás. E naquele dia, estendeu-se em sua porta uma longa fila de
necessitados que reclamavam o seu auxílio para assuntos urgentes que somente o
bom padre poderia solucionar.
As pessoas estranhavam o abatimento de Bonaventura e lhe
perguntavam sobre o que havia ocorrido. Ele apenas respondia que tudo estava
bem e que estava apenas com um pequeno resfriado.
O dia passou rápido. E quando a última pessoa foi atendida,
a noite já ia alta. Cansado e triste, ele retornou ao quarto para repousar. Ao
trespassar a soleira da porta, ele teve uma divina surpresa. Jesus estava lá,
em seu quarto, sentado aos pés da cama. O Frei, irradiante de alegria,
perguntou ao sublime rabi da Galiléia:
- Mestre, o Senhor me esperou?
E Jesus, com seus vivos olhos cor de amêndoa, respondeu
irradiando sabedoria e amor:
- Se tu tivesses ficado, eu teria ido embora!
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